quinta-feira, 14 de maio de 2009

"Que a chuva venha!"

De novo aqui!
Chegadinha da Peregrinação a Pé a Fátima, aqui estou, fazendo uma pausa na tarefa árdua do "levantar da tenda"!Quando parti, tudo estava no seu lugar - os pertences, separados do material, organizado por dias; a Balbina limpa e ansiosa de pôr o pé na estrada. Os dias voaram, como voaram!
Quando cheguei a casa "podre" de cansaço, suja, já não sabia bem o que era o saco da roupa; a vela do meu amigo secreto surgiu de dentro de uma meia e o meu querido Guião, sem capa, estava a fazer companhia a lenços de papel usadas testemunhas de momentos fortes de emoção!
Mas o meu coração - esse - estava e está aconchegado e os meus olhos trouxeram gravadas imagens, que nunca esquecerei, como quando os vi - os meus queridos peregrinos - apertadinhos, juntinhos, debaixo de umas árvores, rindo da chuva que vinha, de novo, cair sobre eles, ou em forma de "molha - tolos" ou em loucas "cordas de água"que os ensopavam por completo. Aquela imagem tão bonita, fez-me ver o que o imprevisto, a contrariadade, o sofrimento, podem trazer às nossas vidas - a união, a comunhão - o mau tempo faz-nos tantas vezes juntar! Então "que a chuva venha" e que eu tenha alguém por perto!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

"balão cheio" /"balão vazio"

Imaginem um "balão cheio" - provavelmente cheio de "ar" de "vento" e imaginem um "balão vazio" - pronto para ser enchido!

No cheio não cabe mais nada!

O vazio está ali - pronto para receber!

Receber o dom da vida, o dom gratuito que são os outros, receber a novidade de cada dia!

Na minha vida o que é que eu quero ser? ( mas cuidado, há conteúdos que não nos deixam subir!!! )
Qual é a minha escolha?

"peregrinar"

Que saudades!Negrito
Já passou muito tempo, desde a última vez que "pé na estrada" aqui escreveu!
Quase um ano!
Não foi por falta de vontade; não foi por não andar de "pé na estrada"; não foi por não ter acontecido nada no "caminho" - porque isso é IMPOSSÍVEL!
A riqueza do caminho, está na paisagem - naquilo que acontece; nas pessoas que caminham connosco - mas está, também, na nossa capacidade de OLHAR essa riqueza que está aqui, mesmo ao nosso lado.
Tempo de férias, tempo em que é suposto estar mais disponível para olhar.
Será que ter alma de peregrino não passa por aprender a olhar e descobrir as "maravilhas"?

domingo, 21 de outubro de 2007

"peregrinação" NECESSÁRIA

Sabemos que na nossa "peregrinação" do dia a dia há troços de estrada fáceis de percorrer, mas outros, nem tanto!
Sabemos que deve haver momentos (importantes! ) para nos "encontrarmos" a sós connosco próprios, mas que a maior parte do nosso "caminho" se faz com os outros que caminham ao nosso lado: família, amigos, os que trabalham connosco e também os outros, todos os outros, os que, anonimamente, connosco se cruzam nos diversos troços da estrada- uns e outros são nossos "companheiros de jornada"; com uns e com outros é que caminhamos e que temos de aprender a caminhar...

É de um troço de estrada que me apetecia falar, um específico, um percorrido: 9h da noite - 4h e meia da madrugada, sete horas e meia na urgência de um hospital ... - troço de estrada necessário para "ver" a dor dos outros e "relativizar" as nossas; necessário para entender a "aparente" ligeireza daqueles profissionais de saúde; necessário para entender que quando, segurando um papel se chama um nome, se vai "ver" não só um "caso", mas alguém que traz consigo uma história, a sua!

Na "peregrinação" da minha vida, ainda não tinha percorrido um troço de estrada assim!
Para mim, foi necessário!!!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Rica de CERTEZAS!!!

Parti, pobre de certezas e rica de esperança, lembram-se?

Agora, depois desta peregrinação de três dias - 5 a 7 de Outubro, estou de regresso mais RICA: rica de certezas; rica de esperança; mais rica, interiormente!!!
Passo a explicar:
Rica de certezas - A certeza de que não há um só caminho, mas muitos! - tantos quantas as pessoas que vão a caminhar!
A certeza de que quando me disponho a dar algum bocadinho de mim, acabo sempre por receber, mais muito mais!
A certeza de que, descubro sempre, um lado muito bom naquele ou naquela que vai comigo a caminhar, se eu for capaz de o/a olhar com olhos limpos.

Rica de esperança - A esperança de que aquilo que se viveu naqueles três dias tenha deixado nos nossos corações uma fome de encontro, uma fome de mais

Rica interiormente - Porque foi muito o que recebi: em amizade; em lições do dia a dia; em partilha e riqueza humana.

E com cresceu a minha bola de afectos!!!

Já se entende porque é que o meu pulso acelera quando se trata de pôr o pé na estrada, não é?

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

"pobre" de certezas; "rica" de esperança!

Vamos de Torres Vedras a Fátima, a pé! Quer vir connosco? São três dias; dava apoio e ainda podia...

E o meu pulso começou logo a acelerar... E meu pulso começou a acelerar, outra vez!

Pé na estrada, outra vez...
A beira da estrada, o frio da manhã, o meu olhar que "espreita" a curva do caminho, os peregrinos que se aproximam, os cabelos dourados pelo sol do cair da tarde; a caminhada interior que eu desejo tanto que aconteça, que eu acredito que acontece, SEMPRE, que eu vou adivinhando em cada rosto risonho onde o cansaço vai dexando as suas marcas.

Cada peregrinação é, tem de ser, uma história de encontros: connosco próprios, com os outros que caminham connosco, com Aquele que, mesmo sem termos consciência disso, nos chama, convida, quer pousar em nós o Seu olhar!
"Desce depressa, hoje quero ir a tua casa!" É a frase escolhida para esta caminhada e que foi dita naquele encontro que, vivido intensamente em verdade e profundidade, mudou uma vida!
Se o encontro acontece, se eu olho e quero ser olhada, se eu estou toda inteira nesse encontro, tudo pode acontecer!

E o meu pulso acelera, outra vez...
Na contagem decrescente para nos pormos a caminho, eu sei que vou partir: pobre de certezas, rica de esperança!

e o pulso acelera outra vez...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

reflexo...

Olho a fotografia do Luciano...

O Luciano, da "Missão de Fonte Boa" - Planalto de Angónia - Moçambique!



Na fotografia, Luciano tapa a cara com a mão, mas não totalmente, ainda para espreitar e ele espreita...

Por entre os seus dedos, "espreita" um olho vivo, negro, muito brilhante, que "ri" e espreita!

Olho aquele olhar de menino de quem, também eu, aprendi a gostar...



Olho com mais atenção e vejo! Na pupila escura e brilhante do Luciano, lá está, reflectida uma figura, a figura de quem lhe estava a tirar a fotografia.

O olho "risonho" do Luciano revelava o outro! O fotógrafo "guardou" na sua máquina o olhar do Luciano, mas este "guardou"-o no seu olhar, bem dentro da sua pupila escura e viva.



Como é que "aparecemos" nos olhos dos outros?

Que "reflexos" guardam os outros de nós?



Obrigada Luciano, porque o teu olhar é suficientemente límpido e transparente para "reflectir" com fidelidade o qe se passa à tua volta!

domingo, 16 de setembro de 2007

"marcas" visíveis

Mais ou menos no princípio doVerão, um jornalista dispôs-se a fazer uma caminhada, por um dos caminhos de Santiago. As suas crónicas que iam chegando através da rádio, davam bem conta da riqueza e profundidade da experiência que ele estava a ter.
Com que alegria o ouvi falar de "caminhada" interior; do "ir" e não só do "chegar"; da "peregrinação" que se faz no dia a dia das nossas vidas!!! Tudo coisas que Pé na Estrada tem procurado viver ao longo dos últimos anos...

Houve um dia em que esse "jornalista peregrino"afirmava: Sabemos que, aqueles que connosco se cruzam, são peregrinos pelas marcas visíveis do queimado do sol nas pernas e braços!

Marcas visíveis!!! -
Apetece, então, muito muito perguntar a mim própria:
Que marcas visíveis se notam em mim, peregrina do dia a dia?
Alguém que caminha ao meu lado, na família, no trabalho, nos círculos de amizade, vê uma marca em mim que me identifique como peregrina?
Será que eu fui capaz de me deixar queimar/marcar pelo fogo do espírito de peregrino?
Ou foi tudo demasiado superficial para deixar marcas!

O que eu queria que se visse em mim: simplicidade, despojamento, entrega, comunhão!
Capacidade para me alegrar, arriscar, saborear e agradecer.
O estar com o que caminha a meu lado...

Deu-me que pensar aquela crónica!



domingo, 2 de setembro de 2007

"Defenir como fundo..."

Todos nós, quando abrimos os nossos computadores somos "assaltados" por uma imagem...

O que temos? Para além do que o próprio computador "sugere" temos: modelos de paisagens para os mais românticos e todo um cardápio de possibilidades, tal como os gelados de sabores...
Mas podemos, é claro, personalizar o nosso fundo de ambiente de trabalho e então...

No meu ambiente de trabalho saltam as imagens...
Não, não vou dizer!

Não interessa o que cada um de nós escolhe, mas as razões da sua escolha. De modo geral, é uma imagem de alguém ou de alguma coisa, que nos inspira e/ou traz recordações, nos motiva e funciona, efectivamente, como fundo do nosso trabalho.
O que está como pano de fundo do cenário do nosso trabalho, sim, mas também, de certo modo, da nossa vida.
O que é que está no fundo do ambiente da minha vida?!
O que é que "aparece" quando, em cada manhã, eu acordo e abro, não o computador, mas os meus olhos, para o dia, cada dia, que me é oferecido?
Qual é a imagem que eu defino para servir de pano de fundo do meu dia?
Val a pena pensar - escolher - defenir!