sexta-feira, 21 de setembro de 2007

reflexo...

Olho a fotografia do Luciano...

O Luciano, da "Missão de Fonte Boa" - Planalto de Angónia - Moçambique!



Na fotografia, Luciano tapa a cara com a mão, mas não totalmente, ainda para espreitar e ele espreita...

Por entre os seus dedos, "espreita" um olho vivo, negro, muito brilhante, que "ri" e espreita!

Olho aquele olhar de menino de quem, também eu, aprendi a gostar...



Olho com mais atenção e vejo! Na pupila escura e brilhante do Luciano, lá está, reflectida uma figura, a figura de quem lhe estava a tirar a fotografia.

O olho "risonho" do Luciano revelava o outro! O fotógrafo "guardou" na sua máquina o olhar do Luciano, mas este "guardou"-o no seu olhar, bem dentro da sua pupila escura e viva.



Como é que "aparecemos" nos olhos dos outros?

Que "reflexos" guardam os outros de nós?



Obrigada Luciano, porque o teu olhar é suficientemente límpido e transparente para "reflectir" com fidelidade o qe se passa à tua volta!

domingo, 16 de setembro de 2007

"marcas" visíveis

Mais ou menos no princípio doVerão, um jornalista dispôs-se a fazer uma caminhada, por um dos caminhos de Santiago. As suas crónicas que iam chegando através da rádio, davam bem conta da riqueza e profundidade da experiência que ele estava a ter.
Com que alegria o ouvi falar de "caminhada" interior; do "ir" e não só do "chegar"; da "peregrinação" que se faz no dia a dia das nossas vidas!!! Tudo coisas que Pé na Estrada tem procurado viver ao longo dos últimos anos...

Houve um dia em que esse "jornalista peregrino"afirmava: Sabemos que, aqueles que connosco se cruzam, são peregrinos pelas marcas visíveis do queimado do sol nas pernas e braços!

Marcas visíveis!!! -
Apetece, então, muito muito perguntar a mim própria:
Que marcas visíveis se notam em mim, peregrina do dia a dia?
Alguém que caminha ao meu lado, na família, no trabalho, nos círculos de amizade, vê uma marca em mim que me identifique como peregrina?
Será que eu fui capaz de me deixar queimar/marcar pelo fogo do espírito de peregrino?
Ou foi tudo demasiado superficial para deixar marcas!

O que eu queria que se visse em mim: simplicidade, despojamento, entrega, comunhão!
Capacidade para me alegrar, arriscar, saborear e agradecer.
O estar com o que caminha a meu lado...

Deu-me que pensar aquela crónica!



domingo, 2 de setembro de 2007

"Defenir como fundo..."

Todos nós, quando abrimos os nossos computadores somos "assaltados" por uma imagem...

O que temos? Para além do que o próprio computador "sugere" temos: modelos de paisagens para os mais românticos e todo um cardápio de possibilidades, tal como os gelados de sabores...
Mas podemos, é claro, personalizar o nosso fundo de ambiente de trabalho e então...

No meu ambiente de trabalho saltam as imagens...
Não, não vou dizer!

Não interessa o que cada um de nós escolhe, mas as razões da sua escolha. De modo geral, é uma imagem de alguém ou de alguma coisa, que nos inspira e/ou traz recordações, nos motiva e funciona, efectivamente, como fundo do nosso trabalho.
O que está como pano de fundo do cenário do nosso trabalho, sim, mas também, de certo modo, da nossa vida.
O que é que está no fundo do ambiente da minha vida?!
O que é que "aparece" quando, em cada manhã, eu acordo e abro, não o computador, mas os meus olhos, para o dia, cada dia, que me é oferecido?
Qual é a imagem que eu defino para servir de pano de fundo do meu dia?
Val a pena pensar - escolher - defenir!

Não há "rascunho" para a Vida!

Pois é, não há "rascunho" para a vida, nem "delete" e já está!!!

Não se pode, na nossa vida "escrever" coisas só para ver, "visualizar a mensagem" e depois, cuidadosamente e sensatamente, ou optar por não escrever - de todo - ou escrever, sim, mas emendando!
Não se pode, na nossa vida, "escrever"coisas e depois "deletar"!
Não, na nossa vida, não pode ser assim...

Disse - agi e pronto, aí está, é "enviado"assim, tal e qual, e os efeitos que irá provocar escapam-se das nossas mãos. Certo ou errado, com boas ou más consequências aí vai a "seta"...

Então como fazer? Que fazer?

A primeira coisa a fazer é: pensar, antes de agir - todos nós sabemos isso - mas será que fazemos?
Pensar, sobretudo nas consequências que esse nosso agir vai ter, nos outros e "por ricochete" em nós próprios.

Depois...
Depois, é "estar", "treinar" estar, tal próxima do Bem, que não corremos o risco de viver, "mandando mensagens erradas"
Estar próxima do Bem é agir pensando no bem do outros, dos outros!
Se assim fizermos, a nossa vida não é "rascunho", é a certa, a única possível, a versão final
Aquela que eu não preciso de "apagar"