domingo, 21 de outubro de 2007

"peregrinação" NECESSÁRIA

Sabemos que na nossa "peregrinação" do dia a dia há troços de estrada fáceis de percorrer, mas outros, nem tanto!
Sabemos que deve haver momentos (importantes! ) para nos "encontrarmos" a sós connosco próprios, mas que a maior parte do nosso "caminho" se faz com os outros que caminham ao nosso lado: família, amigos, os que trabalham connosco e também os outros, todos os outros, os que, anonimamente, connosco se cruzam nos diversos troços da estrada- uns e outros são nossos "companheiros de jornada"; com uns e com outros é que caminhamos e que temos de aprender a caminhar...

É de um troço de estrada que me apetecia falar, um específico, um percorrido: 9h da noite - 4h e meia da madrugada, sete horas e meia na urgência de um hospital ... - troço de estrada necessário para "ver" a dor dos outros e "relativizar" as nossas; necessário para entender a "aparente" ligeireza daqueles profissionais de saúde; necessário para entender que quando, segurando um papel se chama um nome, se vai "ver" não só um "caso", mas alguém que traz consigo uma história, a sua!

Na "peregrinação" da minha vida, ainda não tinha percorrido um troço de estrada assim!
Para mim, foi necessário!!!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Rica de CERTEZAS!!!

Parti, pobre de certezas e rica de esperança, lembram-se?

Agora, depois desta peregrinação de três dias - 5 a 7 de Outubro, estou de regresso mais RICA: rica de certezas; rica de esperança; mais rica, interiormente!!!
Passo a explicar:
Rica de certezas - A certeza de que não há um só caminho, mas muitos! - tantos quantas as pessoas que vão a caminhar!
A certeza de que quando me disponho a dar algum bocadinho de mim, acabo sempre por receber, mais muito mais!
A certeza de que, descubro sempre, um lado muito bom naquele ou naquela que vai comigo a caminhar, se eu for capaz de o/a olhar com olhos limpos.

Rica de esperança - A esperança de que aquilo que se viveu naqueles três dias tenha deixado nos nossos corações uma fome de encontro, uma fome de mais

Rica interiormente - Porque foi muito o que recebi: em amizade; em lições do dia a dia; em partilha e riqueza humana.

E com cresceu a minha bola de afectos!!!

Já se entende porque é que o meu pulso acelera quando se trata de pôr o pé na estrada, não é?

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

"pobre" de certezas; "rica" de esperança!

Vamos de Torres Vedras a Fátima, a pé! Quer vir connosco? São três dias; dava apoio e ainda podia...

E o meu pulso começou logo a acelerar... E meu pulso começou a acelerar, outra vez!

Pé na estrada, outra vez...
A beira da estrada, o frio da manhã, o meu olhar que "espreita" a curva do caminho, os peregrinos que se aproximam, os cabelos dourados pelo sol do cair da tarde; a caminhada interior que eu desejo tanto que aconteça, que eu acredito que acontece, SEMPRE, que eu vou adivinhando em cada rosto risonho onde o cansaço vai dexando as suas marcas.

Cada peregrinação é, tem de ser, uma história de encontros: connosco próprios, com os outros que caminham connosco, com Aquele que, mesmo sem termos consciência disso, nos chama, convida, quer pousar em nós o Seu olhar!
"Desce depressa, hoje quero ir a tua casa!" É a frase escolhida para esta caminhada e que foi dita naquele encontro que, vivido intensamente em verdade e profundidade, mudou uma vida!
Se o encontro acontece, se eu olho e quero ser olhada, se eu estou toda inteira nesse encontro, tudo pode acontecer!

E o meu pulso acelera, outra vez...
Na contagem decrescente para nos pormos a caminho, eu sei que vou partir: pobre de certezas, rica de esperança!

e o pulso acelera outra vez...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

reflexo...

Olho a fotografia do Luciano...

O Luciano, da "Missão de Fonte Boa" - Planalto de Angónia - Moçambique!



Na fotografia, Luciano tapa a cara com a mão, mas não totalmente, ainda para espreitar e ele espreita...

Por entre os seus dedos, "espreita" um olho vivo, negro, muito brilhante, que "ri" e espreita!

Olho aquele olhar de menino de quem, também eu, aprendi a gostar...



Olho com mais atenção e vejo! Na pupila escura e brilhante do Luciano, lá está, reflectida uma figura, a figura de quem lhe estava a tirar a fotografia.

O olho "risonho" do Luciano revelava o outro! O fotógrafo "guardou" na sua máquina o olhar do Luciano, mas este "guardou"-o no seu olhar, bem dentro da sua pupila escura e viva.



Como é que "aparecemos" nos olhos dos outros?

Que "reflexos" guardam os outros de nós?



Obrigada Luciano, porque o teu olhar é suficientemente límpido e transparente para "reflectir" com fidelidade o qe se passa à tua volta!

domingo, 16 de setembro de 2007

"marcas" visíveis

Mais ou menos no princípio doVerão, um jornalista dispôs-se a fazer uma caminhada, por um dos caminhos de Santiago. As suas crónicas que iam chegando através da rádio, davam bem conta da riqueza e profundidade da experiência que ele estava a ter.
Com que alegria o ouvi falar de "caminhada" interior; do "ir" e não só do "chegar"; da "peregrinação" que se faz no dia a dia das nossas vidas!!! Tudo coisas que Pé na Estrada tem procurado viver ao longo dos últimos anos...

Houve um dia em que esse "jornalista peregrino"afirmava: Sabemos que, aqueles que connosco se cruzam, são peregrinos pelas marcas visíveis do queimado do sol nas pernas e braços!

Marcas visíveis!!! -
Apetece, então, muito muito perguntar a mim própria:
Que marcas visíveis se notam em mim, peregrina do dia a dia?
Alguém que caminha ao meu lado, na família, no trabalho, nos círculos de amizade, vê uma marca em mim que me identifique como peregrina?
Será que eu fui capaz de me deixar queimar/marcar pelo fogo do espírito de peregrino?
Ou foi tudo demasiado superficial para deixar marcas!

O que eu queria que se visse em mim: simplicidade, despojamento, entrega, comunhão!
Capacidade para me alegrar, arriscar, saborear e agradecer.
O estar com o que caminha a meu lado...

Deu-me que pensar aquela crónica!



domingo, 2 de setembro de 2007

"Defenir como fundo..."

Todos nós, quando abrimos os nossos computadores somos "assaltados" por uma imagem...

O que temos? Para além do que o próprio computador "sugere" temos: modelos de paisagens para os mais românticos e todo um cardápio de possibilidades, tal como os gelados de sabores...
Mas podemos, é claro, personalizar o nosso fundo de ambiente de trabalho e então...

No meu ambiente de trabalho saltam as imagens...
Não, não vou dizer!

Não interessa o que cada um de nós escolhe, mas as razões da sua escolha. De modo geral, é uma imagem de alguém ou de alguma coisa, que nos inspira e/ou traz recordações, nos motiva e funciona, efectivamente, como fundo do nosso trabalho.
O que está como pano de fundo do cenário do nosso trabalho, sim, mas também, de certo modo, da nossa vida.
O que é que está no fundo do ambiente da minha vida?!
O que é que "aparece" quando, em cada manhã, eu acordo e abro, não o computador, mas os meus olhos, para o dia, cada dia, que me é oferecido?
Qual é a imagem que eu defino para servir de pano de fundo do meu dia?
Val a pena pensar - escolher - defenir!

Não há "rascunho" para a Vida!

Pois é, não há "rascunho" para a vida, nem "delete" e já está!!!

Não se pode, na nossa vida "escrever" coisas só para ver, "visualizar a mensagem" e depois, cuidadosamente e sensatamente, ou optar por não escrever - de todo - ou escrever, sim, mas emendando!
Não se pode, na nossa vida, "escrever"coisas e depois "deletar"!
Não, na nossa vida, não pode ser assim...

Disse - agi e pronto, aí está, é "enviado"assim, tal e qual, e os efeitos que irá provocar escapam-se das nossas mãos. Certo ou errado, com boas ou más consequências aí vai a "seta"...

Então como fazer? Que fazer?

A primeira coisa a fazer é: pensar, antes de agir - todos nós sabemos isso - mas será que fazemos?
Pensar, sobretudo nas consequências que esse nosso agir vai ter, nos outros e "por ricochete" em nós próprios.

Depois...
Depois, é "estar", "treinar" estar, tal próxima do Bem, que não corremos o risco de viver, "mandando mensagens erradas"
Estar próxima do Bem é agir pensando no bem do outros, dos outros!
Se assim fizermos, a nossa vida não é "rascunho", é a certa, a única possível, a versão final
Aquela que eu não preciso de "apagar"

terça-feira, 10 de julho de 2007

"meio quilo de esperança e duas doses de coragem"

Ele tinha partido do Porto, com duas tábuas de surf, algumas T-shirts, dois pares de calções, chinelos, um computador portátil, uma máquina fotográfica, artigos de higiene, livros de viagens e claro, documentos e dinheiro ( não muito!)
Sem compromissos familiares, para trás ficavam um emprego, amigos e a rotina; na sua frente as ondas, o mar sem fim, países distantes, "o tutano da vida"...

Agora, passados tempos, mares, ondas, experiências e vivências...
agora na Costa Rica, quando regressa da praia, tem...
o quarto vazio da residencial, os chinelos dos pés e a tábua de surf!

Polícia, declarações, consulado, papelada, necessidade de sobreviver!

A quem lhe perguntou com o que tinha ficado, ele respondeu: meio quilo de esperança e duas doses de coragem, para ainda acrescentar com humor: se calhar tinha "peso" a mais!


Não sou "surfista"e, sem qualquer juízo de valor, quero "saborear o tutano da vida" de outro modo, mas com ele, com o André surfista, aprendi mais do que uma lição...

Posso perder muita coisa, mas não posso perder nem a esperança, nem a coragem;
Posso deixar para trás muita coisa, mas não posso deixar de levar a tábua do meu sonho; Posso deixar para trás a "tralha" da minha vida, aquilo que me impede de caminhar e é só um "peso", mas não posso deixar de levar o ESSENCIAL

Mas, para que isso aconteça, tenho de saber em Quem ponho a minha esperança;
Quem alimenta a minha coragem;
Quem é a minha tábua;
Qual é o meu sonho.

Se eu souber responder a estas questões encontrarei o Essencial!

Um abraço, André!

terça-feira, 26 de junho de 2007

experimentem!

Quando eu era pequenina, como todas as crianças, "adorava" histórias! (devo confessar que ainda gosto...)

Mas as que mais me fascinavam eram aquelas em que bastavam dizer umas palavras mágicas e logo as portas se abriam, as pedras rolavam, os "génios" apareciam prontos a servir os desejos mais insólitos, tipo "entrega ao domicílio" da imaginação mais exigente.
Só que....
Depressa entendi que aquilo só funcionava nas histórias e por mais que a minha imaginação delirante criasse palavras mágicas as "portas" que eu queria abrir, ficavam fechadas!
Depressa( e ainda bem) entendi que em vez de perder tempo à espera, parada, que, por magia, acontecesse aquilo que eu desejava, eu tinha era de pôr o pé na estrada da minha vida e trabalhar para aquilo que era o meu desejo mais profundo
E quando as forças falham?
E quando na "peregrinação" que é a nossa vida eu caio, esgotada, não tanto pelas dificuldades, mas "triste" comigo por cair nas mesmas coisas:
"tropeçar" na mesma pedra... "hesitar" na mesma encruzilhada... "escorregar" na mesma descida ?

Eu já não queria palavras mágicas, em que não acreditava, mas queria, isso sim, uma palavra de ordem, para que eu fosse capaz, não de abrir portas, mas de me abrir por dentro... Palavra dita com doçura... Com a doçura de Alguém que me ama e que confia em mim, mais do que eu própria, que me diz: Levanta-te! Podes! És capaz! Sou Eu que te digo!

Em muitos momentos do Evangelho, o Senhor diz: " Levanta-te!"
Sou eu que tenho de me levantar, mas posso, porque Ele está ali.

Entendi, finalmente, que não há magia, mas que o Amor que me é dado e que acolho com confiança, faz milagres!

Levanta-te! Eu estou contigo

sábado, 16 de junho de 2007

a lição do ananás

Continental e "urbana", olhava, com assombro, as estufas, ou melhor a sequência das estufas:
Em cada estufa se processava uma fase da cultura do ananás.

Tentei ouvir atentamente as explicações, que me iam sendo dadas e ia "visitando" as diversas estufas...
Para todas as fases era necessário: técnica, trabalho aturado, atenção à luz, à temperatura e...
tempo: um ananás leva dois anos a formar-se.
Dois anos!

Dois anos de dedicação, dois anos de atenção, dois anos de espera...
Tempo para plantar, tempo para cuidar, tratar, alimentar e... esperar
Tempo para "plantar" com cuidado e carinho e saber esperar

Quase sem dar por isso, pensei na minha maneira de "estar"na vida, naquilo que quero "apanhar" sem "cultivar" com dedicação, carinho e paciência; naquilo que "planto" e quero ver os resultados imediatos; na minha dificuldade de saber esperar

Obrigada, Senhor, pela lição do ananás!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

"viver como bom cristão"

"Viver como bom cristão"
Li esta expressão e fiquei a pensar...

Para já, infelizmente, não sou! ( será que posso dizer: ainda não? )...

Mas, continuei e pensar, e vou arriscar:

"viver como bom cristão" é amar (os outros ) como se é amado ( por Deus) !

Rir "com"

Ela tossia desalmadamente...

Mas como não queria parar de falar, continuava e as palavras saíam com "fífias", duma maneira tão caricata, que era impossível ficar sério e assim só provocou umas boas gargalhadas a quem a ouvia...

Era impossível ela zangar-se porque não se estavam a rir de, estavam-se a rir com!

E era/é o com que marca a diferença.
O com que é de comunhão, que é de comum - união!

Vale a pena perguntar com que atitude nos relacionamos uns com os outros.
Que intencionalidade marca o nossos gestos, mesmo os mais pequenos, as nossas palavras, os nossos olhares?

Os gestos - São gestos que afastam, ou são gestos de comunhão, de comum-união?
As palavras - São palavras que ferem, ou palavras que "curam"?
E os olhares - São olhares que medem, julgam, avaliam, ou olhares que acolhem, olhares calorosos, onde me sinto em casa

Interessa que o meu eu, conte com o teu tu, mas para com ele eu possa, saiba, queira consruir comunhão

terça-feira, 29 de maio de 2007

Olhos " bons de se olhar"

Ela foi-se chegando, de mansinho, e entre envergonhada e determinada, pousou a mão um bocadinho enrugada, mas muito fresca no meu braço e disse, sorrindo:

Eu acho que, enquanto formos capazes de dizer "eu e tu", está tudo bem!

Olhei-a nos olhos - uns olhos bons de se olhar, como costumo dizer, e devolvi-lhe o sorriso.
Compreendi e concordei.
Como concordei!

Enquanto formos capazes de contar com os outros, com o outro; enquanto formos capazes de pensar plural; enquanto formos capazes de incluir os outros, o outro, nas nossas decisões, escolhas, projectos; enquanto os outros, o outro tiver lugar na nossa vida, enquanto lhe dermos lugar e um lugar em que se sinta em casa, está tudo bem e tudo muda.

Muda a tentação egoísta de só pensarmos em nós; muda a intransigência, a intolerância; muda o individualismo feroz.
"Eu e tu"é relação querida e vivida por Deus, que é, Ele próprio comunhão.

Naqueles olhos bons de se olhar eu encontrei o tu que me fez sentir em casa.
Estava tudo bem!

segunda-feira, 28 de maio de 2007

"Pôr-se a Caminho"-Ainda o Encontro...

Ainda o Encontro.

Aquele Encontro, naquele fim de semana, em Fátima, ali, aos pés da Mãe...
Naquela parede da sala, onde tanto se vira e ouvira; onde se partilhara e rezara; onde se rira ...
Naquela parede da sala onde se "peregrinara", foi projectado uma última imagem ( ou será que posso dizer a primeira? )
Nela estava escrito: "Pôr-se a Caminho"

"Pôr-se a caminho" é mais do que, só, pôr o "pé na estrada": é recomeçar; todo inteiro, ou juntando os pedaços do que ficou de si, e... IR, PARTIR, RECOMEÇAR!

Não é só o "pé"para andar, mas as "mãos" para trabalhar, tocar, curar; uma "cabeça" para discernir; um "coração" para bater, também, ao ritmo dos outros; uns "olhar"que salva; uma "boca"de onde saiem palavras de vida e que dão vida...

Não é só "pôr", mas "pôr-se". Não é só "dar", mas "dar-se"

"Pôr-se a caminho"é aceitar nascer de novo"!
E nascer de novo é aceitar tudo o que isso implica: mesmo a dor, as dores de parto, sabendo que são os custos de uma vida nova, novinha em folha!

"Pôr-se a caminho"é aceitar cair, levantar e recomeçar em cada dia, todos os dias.

domingo, 27 de maio de 2007

Fátima de novo

Sabia que se pode peregrinar pelas estradas do nosso querido país; sabia que se pode "peregrinar" na berma da estrada, parada, - olhando, admirando, servindo - aqueles que passam por nós na estrada e que ficam connosco na vida...

Sabia que se deve viver a vida, a tal do dia a dia, com alma de peregrino, mas este fim de semana descobri que podia aprender com os outros, que há tantas formas de peregrinar quantas as pessoas que estão dispostas a pôr o "pé na estrada".

Desde que eu não perca de vista a meta que é Ele, o caminho sou eu que o tenho que fazer. Ninguém caminha por mim.

Neste Encontro que vivi ali ao pé da Mãe, agradeci a Deus por todas as pessoas que tem posto no meu caminho, todas as pessoas, que me têm ajudado a caminhar e que, de muitos modos vão comigo.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Chamo-me Balbina

Durante muito tempo, não tive nome. Era só a carrinha e pronto!

Até que um dia...
A minha dona sentia que chegara "a hora da verdade" e ela tinha que me dizer "adeus":
porque "comia" muito; porque começava a ter, frequentemente, as minhas "maleitas"; por "isto" e por "aquilo" ...
Foi então, que, porque ela "desabafava" a sua pena, houve alguém, caridoso e amigo, que me "baptizou": Balbina!
Gostei, sinceramente! A minha dona ainda quis acrescentar um apelido: "Purificação" Não digo que não me dê um ar mais respeitável! - Balbina da Purificação - mas, pensando bem, prefiro ser só Balbina, para os mais íntimos.

Não sei que se passa convosco, mas comigo eu confesso : é tão importante ter um nome!
Ter um nome é ser reconhecido, diferente dos outros, e ser-se reconhecido é o primeiro passo para se ser amado. Amado como único, irrepetível.
Carrinhas há muitas; Balbina há só uma: eu!

Eu já suspeitava, mas agora tenho a certeza, não só porque tudo isto me foi explicado por ela, a minha dona, mas porque eu experimentei e experimento em cada dia.
A Balbina, que eu sou, viveu emoções, ouviu desbafos, foi testemunha muda de tanta vivência...
Claro que eu não passo de um "chaço" velho, mas acho que agora que eu tenho nome, tenho até...uma certa dignidade; não por aquilo que sou, mas por aquilo que comigo se fez, por aquilo que comigo, os outros foram capazes de fazer.

Acho que a dignidade está não tanto naquilo que se é, mas no serviço que se presta! Pelo menos foi isso que me ensinaram!

Não sei qual será o meu futuro, nem quero saber.
Sou sei uma coisa: serei sempre, Balbina, ao Vosso dispôr!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

para quê? para quem?

Não, não me enganei.
Fiz a/s pergunta/s e quis deixar em aberto...

Ao contrário do seu costume,"Pé na estrada" pára um bocadinho mais para pensar, antes de falar/escrever...
Será que é fruto da peregrinação? Deus queira que sim!

"Atiçar a chama"´é bom, é importante.

Para quê? Já vimos que não se pode perder o calor bom, da chama que crepita, ilumina, daquela que aquece o corpo e a alma, que dá aquele brilhozinho nos olhos...

Para quem? Para aquele/a que está dentro de casa, no sossego, no aconchego, sem ser incomodado/a, a viver o calor... sozinho/a
Ou será que esse calor, essa chama que crepita tem de me iluminar e aquecer a mim, mas não SÓ...
O fogo, a chama, o calor, é para ser partilhado, tem de ser partilhado!

Como posso deixar de fora alguém? Aliás, o meu brilho nos olhos, tem de ser o reflexo do brilho dos olhos de alguém!
Na peregrinação fomos convidados a olhar e ser olhados. Olhar e deixar-se olhar, em verdade, na transparência. Olhar bom que aquece, que transforma, que cura!

Atiçar a chama para que o fogo se não perca, o fogo que foi vivido e experimentado, por mim, para que ele esteja presente na minha vida, mas também para que eu o leve, para que eu dele seja instrumento:

Ser iluminado, para iluminar;
Sentir o calor, para poder aquecer;
Receber o fogo, para o levar, para o ATEAR





para quê? para QUEM?

sábado, 19 de maio de 2007

"atiçar da chama"

Imaginem-se numa noite de inverno - o que nesta época do ano, parece uma ideia "peregrina"! - vá lá, tentem lá, não sejam "desmancha-prazeres"!

Noite de inverno e a lareira acesa, com aquele quentinho bom, que "aquece" a alma.
O calor envolve-nos, a paz entra de mansinho, enquanto o nosso olhar é atraído e pousa, irresistivelmente, na chama que baila - sempre diferente, sempre igual - alegre, viva, convidativa.
O tempo vai passando...
A chama já não é tão viva e, por instantes, até parece, que vai "morrer". Ainda salta, em derradeiros lampejos e "resistência" cada vez maior, mas acabará por desaparecer, de vez, se...
...se eu não atiçar a chama!
Se eu quiser que o fogo se não apague, eu tenho de "atiçar a chama"
Se eu quiser... Quando eu quiser... Sempre que eu quiser!

Claro que para isso... eu tenho de me levantar do meu assento; ajoelhar-me; curvar-me sobre o fogo que eu quero que se não apague e atiçar a chama! Eu tenho de me "mexer"e de lhe mexer; tenho de "recuperar" o fogo que lá está, escondido, debaixo das cinzas, e "ganhar", de novo, o calor que se estava a perder...

E se a pereginação fosse - como é - essa lareira acesa na/da minha vida?
Se ela fosse - como é - esse fogo que aquece a alma?

Que faço? Que devo fazer para atiçar a chama e "recuperar" o fogo, para que se não apague?

sexta-feira, 18 de maio de 2007

O ESSENCIAL

"Pé na estrada" tem uma mania, entre MUITAS:
Gosta de escrever!
E, às vezes até "rima" aquilo que gosta de "dizer"
Aqui vai o que escreveu a propósito da peregrinação:


Partiram, bem alegres, de manhã,
todos aqueles que a Ti foram chamados;
traziam na mochila, entre outras coisas,
p’ra Maria, pedidos e recados.

Mas tinham também outra tarefa,
na vida, procurar o “Essencial”
aquilo que, a todos, faz felizes
e nada tem a ver com o material

Da Montanha, eles tinham o Sermão,
a vida de Jesus, por companhia…
Era só seguir, com “pé na estrada”
a proposta que era feita, em cada dia.

Por entre “ressonos”, tosses e espirros
e as borregas que teimam em “chegar”
Há Aquele que é Pão, é alimento
e toda a Força no nosso caminhar

Em Vimieiro, rezaram a Maria;
em Cabeção, um amigo lhes foi dado.
Forros de Arrão – a grande “travessia”:
a dor que faz CRESCER um bom bocado!

Em Ulme, depois dos arrozais,
ao amigo, foi dada aquela luz,
que não se esconde, mas deve iluminar
o rosto amigo do Senhor Jesus

Nas mãos tiveram, bem perto, esse Senhor…
Olhar e ser olhado, que alegria!
P’ra trás, ficava a dor e o cansaço
mais perto, bem mais perto, está Maria


E junto de Maria, em segredo,
dela ouvi, de novo, este recado:
“Felizes somos, quando acreditamos,
Que o ESSENCIAL esteve, sempre, ao nosso lado!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

terço "luminoso"

Oh! O meu terço partiu-se...
Aquele que a avó me tinha dado, o luminoso!

Quando lho tinha dado, ao meu neto, não tinha pensado na "luz". Tinha pensado no terço, sem mais...
De repente, olhei o terço partido com outros olhos, com novos olhos!

Para aquela criança, o terço servia para rezar - um bocadinho ! - mas era também, no meio dos lençois, às escuras, na noite, a companhia, a companhia luminosa!

De repente, dei por mim a pensar, o que é que o terço era para mim.:
Oração individual? Oração da comunidade? Ou outras "complicações" que me afastam da simplicidade, do ESSENCIAL?
Era a recitação do terço também, para mim, a luz da/ na minha noite escura, nas minhas trevas?

Maria, te peço, dá-me a simplicidade de uma criança. Que eu te fale e em ti confie, como a companheira dos momentos menos claros. Quero que sejas a minha LUZ , tu que mesmo sem entender, guardavas TUDO no teu coração.

terça-feira, 15 de maio de 2007

peregrinação "rima" com conversão

Foi isso que nos foi dito, por mais do que uma vez, ao longo da peregrinação - Peregrinação "rima" com conversão!

"Pé na estrada"achou que sim; fazia todo o sentido; gostou, mas ficou inquieta... (ligeiramente! ). Porquê? Porque, afinal, a peregrinação não era receber... Também tinha de dar! E o que ela tinha de dar, era uma coisa séria: a sua vontade, o seu compromisso de mudança, numa palavra: converter-se!

Levar "a sério" a peregrinação, tal como a vida, é olhar o que na nossa vida tem de ser "arrumado"; confrontar com a Palavra de Deus; voltar à vida com o olhar convertido e "partir"de novo mudando comportamentos, atitudes, modos de se aceitar, aceitar os outros e aceitar Deus como o ESSENCIAL na minha vida.

Converter-se ao ritmo das Bem-Aventuranças abre-me a alterações e mudanças de vida muito concretas. Querem ver só com alguns exemplos?

Ser "pobre no seu íntimo", pede-me que, a partir de agora, eu olhe duma maneira diferente os bens materiais; eu olhe duma maneira diferente quem tem - do que eu, sendo solidário e quem + do que eu, não sendo invejoso.
Pede-me que, a partir de agora, eu mude a minha maneira de viver e o meu estilo de vida; é um convite à partilha, à austeridade. Pede-me que, a partir de agora eu me veja "pobre" diante de Deus e, reconhecendo a minha dependência, eu agradeça tudo aquilo que Ele me dá, gratuitamente, em cada dia.

Depois de eu ouvir, reflectir e rezar as Bem-Aventuranças, já não posso mais ter atitudes de revolta, perante o sofrimento; atitudes de soberba; atitudes de falta de compreensão perante as dores daqueles que estão ao nosso lado. Tenho de perdoar mais, tenho de acolher mais, tenho de dizer NÃO à má-língua, à incomprensão, à falta de diálogo.

E, se assim fizer, em cada dia eu posso dizer, em verdade:

As minhas atitudes de vida mudaram, de tal modo que, para mim a peregrinação rimou, rima e vai rimar com conversão.



domingo, 13 de maio de 2007

Maio 2007 - dia 12

Fátima, chegámos:
Lado a lado - 3 a 3 - de braço dado - TODOS!

O estandarte à frente, entrámos no recinte do Santuário, naquele cair de tarde de 12 de Maio de 2007 - o grupo das Paróquias de Borba.
Vagarosamente, mas com determinação e alegria descemos até à Capelinha, uma mancha azul a avançar até à Mãe...
Não cantámos alto, nem era preciso!
Em cada um dos nossos corações, vibrava um canto de louvor e agradecimento, ali estávamos TODOS:
aqueles que tinham poucas "borregas"e aqueles que tinham os pés com um "enorme rebanho" das ditas; aqueles para quem a caminhada fora uma tarefa mais ou menos fácil e aqueles para quem cada quilómetro tinha sido uma séria conquista - vitória ganha ao cansaço, às dores, ao desânimo, à vontade reprimida de pensar que não se era capaz...
aqueles que tinham caminhado e aqueles que os tinham "seguido", parados na berma da estrada - vibrando com as vitórias, suspensos nos momentos de maior fragilidade- testemunhas vivas dessas duras batalhas, sofrendo "com", SEMPRE!

Parámos em frente à Capelinha. Ficamos o tempo que quisemos - sem tempo
O que cada um disse à Mãe, só ela e o seu Filho o sabem...
Dispersamos depois, devagarinho, saindo do recinto.

Para já não poder mais voltar, pelo menos para aqueles que, infelizmente para eles, iriam sair de Fátima nessa noite.

Foi que pé na estrada se deu bem conta de que, afinal, não estava assim tão preparada para
aceitar o que viesse, em total abandono e total confiança...
É difícil, deixar-se conduzir; é difícil, aceitar e aprender!

É difícil, muito difícil, amar e andar!



sexta-feira, 4 de maio de 2007

dia-a-dia

Amanhã, dia 6 de Maio - domingo, dia do Senhor-dia da mãe - de todas as mães e, em especial da MÃE- o grupo vai começar a caminhar!

Por Maria, iremos a Jesus; por Maria, iremos "à procura do Essencial"na/da vida de todos e de cada um! À procura daquilo que, verdadeiramente nos faz felizes; felizes, não de uma vida de uma qualquer felicidade passageira, que não satisfaz e que, quando passa, deixa um vazio, ainda maior...
A felicidade plena - a vida em plenitude

O ponto de partida é o próprio dom da vida, não apenas o dom de existir, mas o dom de existir para uma vida nova e uma "vida em abundância"

Amanhã, vamos caminhar, celebrando e agradecendo O DOM DA VIDA!

Em cada dia, em cada madrugada, o Senhor, gratuitamente, oferece-nos um dia, mais um dia para viver. Que vamos fazer com esse dom? Que fazemos com esse talento, com essa nova oportunidade, de mais um dia de vida? Como o vamos usar?

Dia 6 de Maio - dia de partir, dia para celebrar e agradecer!

nem sei

Tudos os anos, em cada peregrinação, há uma noite reservada à apresentação "oficial"dos participantes.

Sentados em círculo, depois do jantar, vamos dizendo o nosso nome; de onde vimos; se é para nós a primeira vez, ou se já somos "veteranos".

É sempre um momento bonito em que se gera um "quente"tempo de partilha e comunhão.
À luz fraca e difusa de velas e da iluminação duma varanda afastada, que favorece o clima de intimidade,vamos-nos ouvindo uns aos outros, devagar, sem pressas...
As expectativas dos estreantes; as certezas dos veteranos; as motivações que vão mudando, ano após ano, "ao sabor" da vida que nos vai trazendo, alegria e dor, preocupação e "sede /fome" de silêncio, paragem, tempo para procurar e ser encontrado.

Também "pé na estrada"tem vindo, ano após ano, com motivações diferentes:
primeiro começou por achar que vinha dar - apoio, ajuda, tudo o que fosse necessário...
Depois descobriu que recebia mais, muito mais do que aquilo que, eventualmente, podesse dar
Continuou a vir para dar, sabendo que iria, também receber!

E agora? Este ano? Desta vez?
"Pé na estrada", desta vez, curiosamente, nem sabe... Acho até que nem quer saber!

Quer ir, simplesmente!
Pobre, "deslavada", pequenina, frágil, sem muitas certezas, com poucas "seguranças", mas disposta a "deixar-se"conduzir.

Não quer fazer planos, quer deixar-se tocar.
Mais do que querer ir, ela quer deixar-se levar...
Não numa atitude de mera passividade, mas numa atitude de total abandono e total confiança.

Será que ela vai conseguir?


terça-feira, 1 de maio de 2007

à procura do ESSENCIAL...

O grupo de que "pé na estrada"faz parte vai, se Deus quiser, partir, de novo, para Fátima, dia 6 de Maio.
De Vila Viçosa a Fátima...De um Santuário a outro Santuário.

Ano após ano, guiados pelo nosso Pastor, caminhamos, reflectimos e rezamos um Tema. Este ano o Tema é: "À procura do ESSENCIAL - ao ritmo das Bem-Aventuranças".

É engraçado!
Quando acabei de escrever, sorri, ao olhar o título e apetece-me dizer e "pedir" muito:

Vamos à procura, se calhar, para no fim descobrirmos, se estivermos atentos, que o ESSENCIAL está e sempre esteve já, aqui, mesmo ao nosso lado.

sábado, 21 de abril de 2007

caminhos do CAMINHO

Parado na berma, "pé na estrada"esperava que a fila de peregrinos aparecesse.

O garrafão da água estava a seus pés, o saco dos rebuçados de café nas mãos, o coração um bocadinho "em sobressalto" pois o trajecto tinha sido ligeiramente alterado e umas obras na estrada tinham impedido a passagem dos carros de apoio.

"pé na estrada" esperava, apreensivo e impaciente! A tarde caía e Fátima estava, cada vez mais perto...

De repente, olhando o cimo do cabeço, "pé na estrada"viu-os chegar: o estandarte de Nossa Senhora, que empunhavam, ondulava na brisa do fim da tarde; o sol, que se punha, dourava-lhes os cabelos despenteados e eles caminhavam, marcados pelo cansaço, mas decididos, firmes, os olhos a brilhar.
Era mesmo a imagem do Povo de Deus a peregrinar!

De coração tranquilo e emocionado"pé na estrada"agradeceu!
Agradeceu a beleza daquele momento que nunca mais esquecerá ; agradeceu o testemunho daqueles e daquelas, que vindos de caminhos diferentes, caminhavam, lado a lado ao encontro da Mãe que lhes apontava o CAMINHO.
Agradeceu o muito que recebia, comparado com o pouco que dava; agradeceu os dias, as horas, TUDO.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

eu "guião" me confesso

Olá, eu sou o Guião da Peregrinação,

Para quem não me conhece, eu passo a explicar...
Antes de "nascer"lá naquela tipografia, de onde saio todo cheiroso a tinta, aquele cheirinho bom, eu tive um tempo de "gestação"em que os meus pais adoptivos me acarinharam e alimentaram pensando no que eu iria ser; se eu saberia cumprir as minhas funções; se eu seria bom para aqueles que são a minha razão de existir, porque, para quem não sabe, nós, todos nós, existimos em função dos outros ( se assim fizermos seremos felizes, podem acreditar!) Eles, eu acho, até que eles rezaram, durante o tempo todo.

Pronto! Agora eu já estou quase a "nascer" e já estou todo nervoso...

Será que vão gostar de mim? Será que vou poder ajudar os peregrinos? Será que me vão acarinhar tanto, como eu fui acarinhado antes de passar para as suas mãos? Eu não me importo nada de ficar com as pontas dobradas e com manchas de ervas, da caneta que rebentou ou da lágrima que "escapou"...
Estou tão ansioso de estar nas mãos deles, desses homens e mulheres de pés pesados e alma leve leve.

Como eu queria que comigo rezassem, comigo caminhassem, contassem comigo para essa peregrinação interior, bem mais importante, do que aquela que é feita pela estrada!

Agora vou contar um segredo: acho, ou melhor, disseram-me que não sou bem eu que faço isto tudo...

Então se é assim, posso estar descansado, não acham?
bjs, Guião

quarta-feira, 11 de abril de 2007

"As Bem - Aventuranças do Peregrino"

Há uns tempos li na revista "Vida Nueva" estas Bem- Aventuranças que "mexeram" muito comigo! Aqui vai uma adaptação...
Cada uma delas, mais do que um apelo a viver bem uma peregrinação, é um projecto de vida.
Peço a quem as ler que as "saboreie" e experimente levar para a sua vida.


1. Bem- aventurado és, peregrino, se descobres que o caminho te abre os olhos àquilo que não se vê.
2. Bem -aventurado és, peregrino, se o que te preocupa não é só chegar, mas chegar com os outros.
3. Bem - aventurado és, peregrino, se, ao contemplares o caminho, o descobres cheio de nomes e de dias que começam.
4. Bem- aventurado és, peregrino, se descobres que o caminho não acaba quando chegas a casa.
5. Bem - aventurado és, peregrino, se a tua mochila se vai esvasiando de coisas, enquanto o teu coração já não sabe onde há-de meter tantas graças.
6. Bem - aventurado és, peregrino, se descobres que um passo atrás, para ajudar alguém, vale mais do que 100 passos em frente, sem olhar aquele que caminha a teu lado.
7. Bem - venturado és, peregrino, se te faltarem palavras para agradecer tudo o que descobres em cada curva do caminho.
8. Bem - aventurado és, peregrino, se procuras a verdade e fazes do teu caminho uma vida e da tua vida um caminho à procura de Quem é o Caminho, a Verdade e a Vida.
9. Bem - aventurado és, peregrino, se ofereces a ti mesmo, sem pressas, um tempo para te encontrares contigo.
10. Bem - aventurado és, peregrino, se descobres que o caminho tem muito de silêncio; que o silêncio te convida à oração e que a oração te leva a encontro do Pai, que"espreita ansioso"a tua chegada!

terça-feira, 13 de março de 2007

Nos "bastidores"

O tempo passa a correr...

Maio aproxima-se e os preparativos para a peregrinação começam.!
Os preparativos mais próximos, porque os "a longo prazo" têm vindo a "amadurecer" nas cabeças de quem "vive" os "bastidores" da peregrinação: com atenção, cuidado, carinho, com sã paixão!

Pode dizer-se, sem exagero, que uma peregrinação "começa o seu processo de gestação", quando, de pés pesados e a alma leve, acabamos a anterior.
Rezada, pensada, preparada, cada peregrinação é um "parto"às vezes bem difícil.
Difícil, quando temos de dizer a alguém que não pode ir, pois os espaços que nos acolhem não comportam mais. E com que sofrimento se tem de dar essa informação!
Difícil, porque aquilo que nos move não são as dinâmicas, mas sim os peregrinos, cada um deles e cada peregrinação deve proporcionar, a cada um um lugar, um espaço, uma oportunidade de encontro com Deus.
Difícil, pois se tenta conciliar uma caminhada que, sendo de grupo e em grupo, deve dar, ao mesmo tempo, a possibilidade para cada um ter, se assim o desejar, um tempo de privacidade e de silêncio.

Difícil, mas de grande alegria e comunhão, para aqueles que estão nos "bastidores"!
Também eles começam aí a sua "caminhada"...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

"A Caminho"

Tal como nós, os "peregrinos das Paróquias de Borba", também outros grupos organizados partem, de vários pontos do país ao encontro da Mãe.
É o que acontece com o grupo " A Caminho" que, cada ano, no mês de Outubro, parte de Lisboa, da Paróquia de S. João de Deus, a caminho de Fátima.

Tendo tido conhecimento deste grupo, tive a alegria de fazer com alguns deles, no passado sábado dia 24 de Fevereiro, uma pequenina caminhada, da Igreja Paroquial de S.João de Deus até à Capela de Nossa Senhora do Monte, situada num dos miradouros mais bonitos da nossa cidade de Lisboa.
Ali com a cidade aos nossos pés, com o grupo, eu rezei; partilhei momentos de convívio; cantei e vivi uma eucaristia.

Com o grupo, fui convidada a "fazer silêncio" à minha volta e dentro de mim, enquanto palmilhávamos as ruas da cidade, sob o sol quentinho da manhã de sábado.
Com o grupo pedi à Mãe do Silêncio, que me ensinasse "a falar menos com os homens e mais com ela e com o seu Filho. Que me ensinasse o silêncio misericordioso que perdoa, o silêncio cheio de respeito e adoração, o silêncio que espera e que escuta.....
O silêncio no meu interior e à minha volta, naquilo que começo e naquilo que acabo"

Foi muito bom, para mim, viver uma experiência de comunhão e entender que não é o "barulho" exterior que me afasta do silêncio, mas o "barulho" que eu faço dentro de mim; aprender que, se eu quiser, posso, com a ajuda de Deus, viver "tempos de deserto"no próprio coração da cidade, da minha cidade, a dos "mouros"...
Não é a cidade que é deshumanizante, sou eu que não sou capaz de a tornar humana, pois passo sem olhar os rostos daqueles com quem me cruzo.

Obrigada ao grupo, por esta lição.

Mais um pedacinho a acrescentar à minha tentativa de ter/ser "alma de peregrino"!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O que é que me falta?

O tempo vai passando.
Umas vezes depressa, muito depressa, outras vezes, "pesado", arrastado...
Mas para além desse tempo "esquisito", existe o "outro", o tal do calendário!
E esse diz-nos que o mês de Fevereiro está a acabar, que se segue o Março e o Abril e que "num pulo"chegamos a Maio!

Maio, os primeiros dias... Maria, a Mãe...Fátima...Peregrinação...

Arejar o saco-cama; "aonde me meteram o colchão? ( de certeza que foram os miúdos que emprestaram a algum amigo, que se esqueceu de voltar a entregar! ); será que tenho de comprar mais meias? "o ano passado esqueci-me de algumas coisas e levei outras a mais.Tenho de fazer uma lista, para ver o que é que me falta!
Tenho de começar a andar mais a pé!

O que é que me faz falta?!

Serão coisas?
Será o exercício, ou a falta dele?
Será que me tenho de preparar, também, por dentro?

Será que, para isso, eu sei o que me faz falta?
Ou para isso a melhor maneira de me preparar é fazer-me "pobre", vazio( vazia ?)e esperar...

Senhor, ajuda-me! Ensina-me! O que é que me faz falta?

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

"Ainda falta muito?"

"Ainda falta muito?" É, como já aqui dissemos, uma pergunta quente, muito quente...

"Pergunta de fim de caminhada", quando as forças começam a faltar, quando a estrada parece "nascer" debaixo dos pés, doridos, pesados e quando um certo desânimo começa, atrevido e irritante, a espreitar...

Como desejávamos que a estrada fosse mais larga, sem as curvas que nos escondem uns dos outros e nos fazem, às vezes, sentir sozinhos? "Será que eu estou muito atrás?"
"Será que eu vou ser capaz?"
"Como era bom que aparecessem mais sinais com indicações e, já agora...
uma placa a dizer: "Fátima"!
Como esta peregrinação é parecida com "a outra", a da vida de todos os dias!

Para uma e outra, precisamos de Ti Senhor, e quanto...

Tu não nos dizes que a "estrada" vai ser "cómoda", só nos dás uma certeza: vais connosco!

sábado, 17 de fevereiro de 2007

"amar e andar"

Quando depois de uma actividade, pensava ter chegado a altura de uma reunião de avaliação, ouvi um comentário que nunca, nunca mais esquecerei!

"Reunião de avaliação? ! Acho que os Evangelhos, não referem nenhuma reunião de avaliação que Nosso Senhor tenha feito com os Apóstolos ... Acho que só o que Ele fazia era, amar e andar"

"Amar e andar"também tem, seguramente, de fazer parte daquela "alma de peregrino"de que sempre aqui falámos!
"Amar e andar"é não ficar à espera de agradecimentos, de reconhecimentos, de louros, de sentir o nosso ego inchado, "gordo" de vaidade e presunção!
"Amar e andar" é caminhar, peregrinar ao ritmo do amor que é sempre gratuito e que não fica parado, mas antes vai ao encontro daqueles que na "peregrinação" - naquela das bolhas e na outra a da nossa vida - vão, aqui e ali, precisando de mim.

Claro que neste"andar" não está, de modo nenhum, a ânsia de "ultrapassar e chegar primeiro" porque aí já não haveria lugar para o "amar"

É mau parar para pensar? Não!
É mau parar para avaliar, com a preocupação e não cometer os mesmos erros e melhorar? Não, claro que não!

O que aqui está em causa e isso sim é errado, é parar só para ter mais uma oportunidade de olhar para mim!

E isso é que é não ter "alma de peregrino"!

domingo, 4 de fevereiro de 2007

"retrato de grupo"

E se parasse agora o "retrato" do verdadeiro peregrino, apesar de faltar ainda bastantes detalhes?
Apetecia-me tanto dizer uma coisa...

Cada peregrino sabe que, apesar da peregrinação começar por ser uma caminhada individual, ela é feita em grupo e é também uma caminhada de grupo.

Criados por amor e para o amor, cada um de nós é chamado a viver cada peregrinação como uma experiência de comunhão.
Cada um de nós vai fazendo o seu caminho, mas, também, de algum modo, "vive" e "experimenta" o caminho daquele e daquela que caminha ao seu lado, de quem "adivinha" a dor; com quem reza, ri, canta e chora; de quem ouve as palavras e respeita os silêncios.

E quando, já em casa, olha a fotografia do grupo, recorda, para além dos rostos cansados e amigos, tudo o que viveram juntos!

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

"Eu vos envio..."

Como eu gosto deste texto em que Jesus manda os Doze em missão!

Também cada peregrino sabe que, se está ali ,na peregrinação é porque foi, de algum modo, chamado e que essa chamada "vale "para o tempo da peregrinação e para a outra peregrinação, a tal da vida de todos os dias.
E que também a eles, peregrinos, é pedido simplicidade, despojamento e o ir em missão.

Esta referência à missão e à atitude de "pobreza" que Jesus aconselha - "não levem nada para o caminho" - aparece, muito muito semelhante, nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.
Só com uma diferença...
No evangelho de Marcos e só nele, pode ler-se: "ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado"

No meu "retrato" de peregrino, de corpo inteiro, era do cajado que eu queria agora falar.

Feito da cana, bem aparadinho pela navalhinha do verdadeiro alentejano, ou mais sofisticado; enfeitado com fitinhas, ou com um ramalhete de flores, colhidas pelo caminho; velhinho e "veterano"ou ainda sem falhas de verniz, o cajado está bem visível no "retrato"do verdadeiro peregrino.
É que ele é importante em muitas ocasiões!
Está presente na mão do seu dono no início do dia; está presente, quando as força faltam; está presente atravessado aos ombros, servindo de apoio aos braços e mãos quando estas "teimam"
em inchar; está presente quando serve para "rebocar" outro peregrino a quem é bom dar uma mãozinha ( como é bonito de se ver! )

Enfeitado com um lenço garrido ou tendo bem enrolado a si as contas dum terço; só, ou com os outros, "encaixado em pirâmide" habilmente construída por quem sabe, em lugar de destaque em cada celebração, ele está lá, sempre, o cajado!

Ele é objecto, mas, para mim é também sinal...
Como eu gosto do texto de Marcos!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

"retrato de peregrino" (cont.)

E o "retrato de peregrino"de corpo inteiro vai continuando.
E subindo...

Depois de "bem calçado" o verdadeiro peregrino deve vestir roupa que seja, acima de tudo, bem confortável. As peregrinas optam geralmente, por calças confortáveis, embora haja uma ou outra adepta de saia!
É engraçado... se o "retrato" for tirado, de manhã, ele/a, qual "cebola"cheia de camadas, irá bem agasalhado/a, mas à medida que o dia vai avançando e a caminhada vai aquecendo, o corpo e a alma, os casacos e outros abafos vão "saltando" para o carro de apoio, para só regressarem ao corpo, lá para o fim da tarde, quando, num arrepio, a estrada parece "nascer" à sua frente, como uma serpente sem fim, e só apetece perguntar:"Ainda falta muito?" Pergunta muito difícil e"quente", que não tem resposta "convincente"!

Mas, tal como alguém que sabe já comentou (...) mais do que o aspecto exterior, o verdadeiro peregrino sabe que "o essencial é invisível aos olhos", que a peregrinação não é uma passagem de modelos, pois se há aí algum modelo a seguir, é um modelo, não de moda, mas do modo, do modo como peregrinamos.
O modelo a seguir é Aquele que é, Ele próprio, O Caminho.
É isso que o verdadeiro peregrino vai descobrindo!

Para o "retrato" ficar completo ainda faltam muitos pormenores...
"pé na estrada" vai voltar!


segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

"retrato" de corpo inteiro

"Retrato"de um verdadeiro peregrino, de corpo inteiro!
É isso que me proponho fazer.
E vou começar por baixo: pelos pés!
Porquê?
Porque, segundo, diz quem sabe: devemos andar "com os pés bem assentes na terra"senão a "coisa" corre mal...

E para que não corra mal, dizem os "veteranos"que os pés devem ir "bem calçados".
Não pensem que ir "bem calçado" significa uns ténis super super, novinhos em folha, topo de gama, acabadinhos de comprar na melhor loja de desporto. NÃO! ! !

Se tirarmos o retrato de um verdadeiro peregrino de corpo inteiro, podemos ver, começando por baixo, uns ténis que já conhecem o dono ( quer dizer, os joanetes do dono! ), que já têm uns quilómetros nas solas, onde o pé já fez cama e que quase, se os deixarem, já vão sozinhos a Fátima!
Claro que há peregrinos que optam por modelos exclusivos, como um sapatos de enfermeira, umas sandálias bem ventiladas, ou, maravilhas das maravilhas, uns mocassins de ligeiro salto, tão limpos em Vila Viçosa como à chegada a Fátima!
Mas este modelo não é para toda a gente; só serve, mesmo para uma querida, peso pluma...
Quanto ao calçado, estamos assim entendidos.

Para acabar o detalhe "pés", cabe aqui uma referência importante às meias!
Aí as opiniões dividem-se e como elas, as ditas, estão escondidas pelos ténis e não são visíveis no retrato, não é possível dizer quantas, de que material, e qual o cheiro - não interpretem mal, pois não me estou a referir a questões ligadas à higiene, mas ao odor dos cremes/unguentos e outras pomadas com que o verdadeiro peregrino protege os pés.

Como podem ver, isto de ser um verdadeiro peregrino e ficar bem no retrato, dá trabalho e tem que se aprender...

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Dá para entender!

Dá para entender que quem tem vindo a "lançar" para este blog muitos "pedacinhos" de si, é alguém que tem vivido experiências de peregrinações.
Não só da peregrinação que é a vida de cada um de nós, mas das outras, das que fazem bolhas nos pés, das que fazem as pernas pesadas e a alma leve, leve!

Pois é!
Já deu para entender, que o ( ou será uma "a" ? ) que assina pé na estrada é alguém que tem tido a graça e a alegria de viver há anos (já não sabe quantos ...)a experiência de uma peregrinação a pé.

De Vila Viçosa a Fátima, de 6 a 12 de Maio, um grupo, organizado, de peregrinos com a presença/assistência/ protecção/orientação/amizade/dedicação e mais uma lista infindável de atributos de um Sacerdote, vai a pé - de um Santuário a outro Santuário - ao encontro da Mãe que nos espera para nos acolher e ajudar a ir a outro Encontro: o do seu Filho!

Viver uma peregrinação assim, com propostas sérias de vida, com exigência, com tempos de acolhimento, silêncio, oração, escuta, reflexão, tudo isto "caldeado" com muita amizade e alegria é uma experiência que nos marca e dá forças para todo o ano.

Se a peregrinação física tem os seus momentos duros, mas gratificantes, a peregrinação interior a que somos chamados, prepara-nos para a outra peregrinação: a das nossas vidas, aquela que se faz na família, no trabalho, no concreto do dia a dia!

Este ano, mais uma vez, irá realizar-se, se Deus quiser, esta Peregrinação de que este blog dará, de certeza notícias!

Pé na estrada e seus amigos vão estar aqui!






segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

caminhar pelo lado certo da estrada...

Todos sabemos que, para quem caminha a pé pela estrada, devem ser respeitadas certas regras de segurança.
Uma delas é caminhar "de cara ao trânsito": para melhor ver; para melhor ser visto; para melhor ver e prever as perigosas ultrapassagens que alguns carros fazem!

Peregrinar "de cara ao trânsito"é caminhar pelo lado certo da estrada!

O lado certo da estrada...
É o lado em que eu, cada um de nós, olha de frente para o que vem, para o que se avizinha. Olha e enfrenta. Olha e prepara-se.
Todos sabemos que os imprevistos acontecem, mas mesmo assim, se eu estou atenta, os riscos diminuem.

Por outro lado, o lado certo da estrada é também o lado em que eu olho os outros e conto com eles e até estou disposto, não só pela minha sobrevivência, mas porque quero, estou disposto a "chegar-me para o lado"e a dar espaço.

Caminhar pelo lado certo da estrada da vida é segurança, mas é também escolha e decisão!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

e quando o cansaço se instala (cont.)

Levar na mochila o ESSENCIAL, é essencial ( passe a redundância! ).

Mas não é só preciso levar, é preciso saber usar!

Saber usar o que se leva, é, por um lado, saber que há situações de emergência e, por outro lado, saber que há vitaminas que têm efeito "retard" e que vale a pena ir utilizando ao longo de todo o caminho, com perseverança e fidelidade.

A propósito, vale também a pena, procurar entender as causas do cansaço...

Será só pelas dificuldade do caminho, que não dependem de mim, ou...

pela minha falta de preparação?
pela minha falta de humildade de pensar que, só por mim, sou capaz de tudo vencer e ultrapassar?
pela minha incapacidade de aceitar os imprevistos e as alterações aos meus planos?

e por muitos outros motivos que eu vou descobrindo, por mim, ou com a ajuda de outros que se disponham a isso!



quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

e quando o cansaço se instala?...

Continuo a pensar na vida como "um caminho" a percorrer e de preferência "levando na mochila" uma determinada atitude a que resolvi chamar "alma de peregrino"...

Ajuda, ter ideia de qual o caminho a seguir, ou pelo menos "baliza-lo" com algumas referências;

ajuda, ter ideia do sítio ou da Pessoa que queremos encontrar;

ajuda, ter ideia de que há sinais que me podem apontar direcções e que me podem evitar acidentes;
ajuda, dar atenção e respeitar esses sinais...

e/mas quando, apesar disso tudo, o cansaço se instala?

Se calhar, então, é urgente parar, sentar na beira da estrada e, "vasculhando" na mochila, tentar aí encontrar a "vitamina" certa!

Será que cada um de nós "leva na mochila" o ESSENCIAL?

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Lisboa/Dakar (cont.)

Encostada na vedação de ferro, continuei a olhar as motos...

Umas, muitas delas, tinham nomes de marcas, autocolantes, "sinais" de muitos patrocínios, mas havia uma, azul, que só tinha assinalada, para além da marca, o nome do piloto, nada mais!

Desconhecendo, quase tudo sobre o evento, deduzo que aquela moto, a azul, se estava ali presente, orgulhosa, ao lado das outras, é porque o seu dono, tinha investido tudo o que tinha nela, sozinho, ele e aqueles que constituem a sua equipa.

Não faço ideia de quanto custa uma participação na prova; os custos todos que isso acarreta; o tempo de preparação, tudo aquilo que ficou para trás, até chegar ali!
Mas, talvez, seja capaz de imaginar o que isso significa na vida e no "bolso" daquele /daqueles que acreditam e que vão atrás dum sonho.
E os outros, "os dos patrocínios", não acreditam, não correm atrás dum sonho? Claro que sim!
Só que...

Porque é que neste preciso momento me veio à cabeça uma expressão bem castelhana: "echar toda la carne en el asador!" ?
Frase forte, duma grande radicalidade. Significa que se investe tudo, sem deixar nada de fora! Disposto, a deixar/deixar-se consumir...

Mas, não parei aí nessa frase...

Outra citação, outro contexto (ou talvez não! ) " um homem encontra um tesouro...vende tudo"; "um negociante encontra uma pérola, vende todos os seus bens..."

"Echar toda la carne..."
Será que são falta de respeito todas estas analogias? Penso que não!

Quando um projecto tem a ver com a procura do essencial na nossa vida, quando é o Projecto de uma vida, vale a pena investir tudo.


Acho que não me vou esquecer daquela moto, a azul!



domingo, 7 de janeiro de 2007

GPS de peregrino

Fui ver...
Motos - de pequena e grande cilindrada; carros transformados; camiões.
Era véspera da partida, Lisboa/Dakar...

Viaturas a ser inspeccionadas, outras que já o tinham sido.
Motas, seladas, "em espera",alinhadas, lado a lado, à volta da grande fonte.
Para mim, mesmo tecnicamente analfabeta, era um espectáculo impressionante.

Olhei-as, curiosa e imaginei...
A poeira, as dunas, o trilho, a tensão, o sol escaldante, os tempos a cumprir.
A vontade de ser classificado, o desejo de chegar, os concorrentes, o desgaste físico e do material...
A vida que se joga a cada instante.

Olhei-as com atenção- às motos.
Todas tinham, entre muitos aparelhos, um GPS, claro!
Global Positionning System (será assim que se escreve?)
A sua posição está continuamente assinalada. Deduzo que o rumo também assim fica apontado. Deduzo, só, porque tenho vergonha de perguntar!
Muita ignorância a minha!

Sem querer, vem ao de cima a minha "alma de peregrino"...
GPS espiritual! Dava jeito...
Onde estou no meu "caminhar"?
Que devo fazer para não perder o "trilho"? Como corrigir a rota?

Vou pensar!

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Turistas Caminhantes Peregrinos

Li, há um certo tempo na revista "Vida Nueva" este texto, que gostaria de registar aqui:

"Quando alguém anda pela vida tirando fotografias, acumulando experiências, classificando paisagens, assimilando diferenças, se não o faz por razões profissionais, pode dizer-se que é um turista.
Se, ao passar por uma velha ermida, só vê um montão de pedras ou uma pitoresca paisagem natural, não estará muito longe daqueles "bandos" de japoneses que fotografam, sem entender.

Se tu, ao contrário, ao passar por essas ruínas, páras e as contemplas e se fores, mesmo, capaz de sentir o passar da História por entre o rendilhado dos muros em ruínas, onde , agora, cresce a erva...serás um caminhante. O caminhante sabe o valor dos seus passos
e não necessita de máquina fotográfica para os guardar na sua memória.

Mas o peregrino é aquele que vê para além das aparências e que é capaz de, se vê uma ermida, parar e rezar.
Peregrino é aquele que guarda no seu coração e não só na sua memória cada passo, cada sombra, cada ferida, cada companheiro de jornada, cada oração proferida. Guarda aquela paz que de mansinho se instala, depois da incerteza e da dor...

Do peregrino não se pode dizer que muda a sua vida no regresso a casa, porque, na realidade, essa mudança já começou no caminho... A mudança que o torna peregrino onde quer que ele esteja

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

"andar" no tempo

Se "peregrinamos" no espaço, cruzando caminhos, rectas boas (cuidado quando o caminho é muito fácil, há uma certa tendência para adormecer!), subidas difíceis e encruzilhadas, em que a escolha da direcção a tomar, a certa( !) não é fácil, caminhamos também no tempo.

"Andar" no tempo pode ser uma portunidade de crescimento, da aprendizagem.
Pode e deve criar em nós "caminhos" de compensação e de sabedoria.

Se com o passar do tempo, as forças podem começar a faltar, a velocidade decresce e parece que já não é tão importante "o chegar", cresce em nós vontade de aproveitar alguma lentidão para melhor saborear

"Andar" no tempo deve ser, crescer em sabedoria; é ir "perdendo" algumas certezas, é, com humildade, entender e aceitar limitações; é estar cada vez mais perto do essencial.

"Andar"no tempo, não é só deixar que ele, o tempo, passe por nós, é vivê-lo com a intensidade e usá-lo para crescer.