segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

"retrato" de corpo inteiro

"Retrato"de um verdadeiro peregrino, de corpo inteiro!
É isso que me proponho fazer.
E vou começar por baixo: pelos pés!
Porquê?
Porque, segundo, diz quem sabe: devemos andar "com os pés bem assentes na terra"senão a "coisa" corre mal...

E para que não corra mal, dizem os "veteranos"que os pés devem ir "bem calçados".
Não pensem que ir "bem calçado" significa uns ténis super super, novinhos em folha, topo de gama, acabadinhos de comprar na melhor loja de desporto. NÃO! ! !

Se tirarmos o retrato de um verdadeiro peregrino de corpo inteiro, podemos ver, começando por baixo, uns ténis que já conhecem o dono ( quer dizer, os joanetes do dono! ), que já têm uns quilómetros nas solas, onde o pé já fez cama e que quase, se os deixarem, já vão sozinhos a Fátima!
Claro que há peregrinos que optam por modelos exclusivos, como um sapatos de enfermeira, umas sandálias bem ventiladas, ou, maravilhas das maravilhas, uns mocassins de ligeiro salto, tão limpos em Vila Viçosa como à chegada a Fátima!
Mas este modelo não é para toda a gente; só serve, mesmo para uma querida, peso pluma...
Quanto ao calçado, estamos assim entendidos.

Para acabar o detalhe "pés", cabe aqui uma referência importante às meias!
Aí as opiniões dividem-se e como elas, as ditas, estão escondidas pelos ténis e não são visíveis no retrato, não é possível dizer quantas, de que material, e qual o cheiro - não interpretem mal, pois não me estou a referir a questões ligadas à higiene, mas ao odor dos cremes/unguentos e outras pomadas com que o verdadeiro peregrino protege os pés.

Como podem ver, isto de ser um verdadeiro peregrino e ficar bem no retrato, dá trabalho e tem que se aprender...

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Dá para entender!

Dá para entender que quem tem vindo a "lançar" para este blog muitos "pedacinhos" de si, é alguém que tem vivido experiências de peregrinações.
Não só da peregrinação que é a vida de cada um de nós, mas das outras, das que fazem bolhas nos pés, das que fazem as pernas pesadas e a alma leve, leve!

Pois é!
Já deu para entender, que o ( ou será uma "a" ? ) que assina pé na estrada é alguém que tem tido a graça e a alegria de viver há anos (já não sabe quantos ...)a experiência de uma peregrinação a pé.

De Vila Viçosa a Fátima, de 6 a 12 de Maio, um grupo, organizado, de peregrinos com a presença/assistência/ protecção/orientação/amizade/dedicação e mais uma lista infindável de atributos de um Sacerdote, vai a pé - de um Santuário a outro Santuário - ao encontro da Mãe que nos espera para nos acolher e ajudar a ir a outro Encontro: o do seu Filho!

Viver uma peregrinação assim, com propostas sérias de vida, com exigência, com tempos de acolhimento, silêncio, oração, escuta, reflexão, tudo isto "caldeado" com muita amizade e alegria é uma experiência que nos marca e dá forças para todo o ano.

Se a peregrinação física tem os seus momentos duros, mas gratificantes, a peregrinação interior a que somos chamados, prepara-nos para a outra peregrinação: a das nossas vidas, aquela que se faz na família, no trabalho, no concreto do dia a dia!

Este ano, mais uma vez, irá realizar-se, se Deus quiser, esta Peregrinação de que este blog dará, de certeza notícias!

Pé na estrada e seus amigos vão estar aqui!






segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

caminhar pelo lado certo da estrada...

Todos sabemos que, para quem caminha a pé pela estrada, devem ser respeitadas certas regras de segurança.
Uma delas é caminhar "de cara ao trânsito": para melhor ver; para melhor ser visto; para melhor ver e prever as perigosas ultrapassagens que alguns carros fazem!

Peregrinar "de cara ao trânsito"é caminhar pelo lado certo da estrada!

O lado certo da estrada...
É o lado em que eu, cada um de nós, olha de frente para o que vem, para o que se avizinha. Olha e enfrenta. Olha e prepara-se.
Todos sabemos que os imprevistos acontecem, mas mesmo assim, se eu estou atenta, os riscos diminuem.

Por outro lado, o lado certo da estrada é também o lado em que eu olho os outros e conto com eles e até estou disposto, não só pela minha sobrevivência, mas porque quero, estou disposto a "chegar-me para o lado"e a dar espaço.

Caminhar pelo lado certo da estrada da vida é segurança, mas é também escolha e decisão!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

e quando o cansaço se instala (cont.)

Levar na mochila o ESSENCIAL, é essencial ( passe a redundância! ).

Mas não é só preciso levar, é preciso saber usar!

Saber usar o que se leva, é, por um lado, saber que há situações de emergência e, por outro lado, saber que há vitaminas que têm efeito "retard" e que vale a pena ir utilizando ao longo de todo o caminho, com perseverança e fidelidade.

A propósito, vale também a pena, procurar entender as causas do cansaço...

Será só pelas dificuldade do caminho, que não dependem de mim, ou...

pela minha falta de preparação?
pela minha falta de humildade de pensar que, só por mim, sou capaz de tudo vencer e ultrapassar?
pela minha incapacidade de aceitar os imprevistos e as alterações aos meus planos?

e por muitos outros motivos que eu vou descobrindo, por mim, ou com a ajuda de outros que se disponham a isso!



quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

e quando o cansaço se instala?...

Continuo a pensar na vida como "um caminho" a percorrer e de preferência "levando na mochila" uma determinada atitude a que resolvi chamar "alma de peregrino"...

Ajuda, ter ideia de qual o caminho a seguir, ou pelo menos "baliza-lo" com algumas referências;

ajuda, ter ideia do sítio ou da Pessoa que queremos encontrar;

ajuda, ter ideia de que há sinais que me podem apontar direcções e que me podem evitar acidentes;
ajuda, dar atenção e respeitar esses sinais...

e/mas quando, apesar disso tudo, o cansaço se instala?

Se calhar, então, é urgente parar, sentar na beira da estrada e, "vasculhando" na mochila, tentar aí encontrar a "vitamina" certa!

Será que cada um de nós "leva na mochila" o ESSENCIAL?

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Lisboa/Dakar (cont.)

Encostada na vedação de ferro, continuei a olhar as motos...

Umas, muitas delas, tinham nomes de marcas, autocolantes, "sinais" de muitos patrocínios, mas havia uma, azul, que só tinha assinalada, para além da marca, o nome do piloto, nada mais!

Desconhecendo, quase tudo sobre o evento, deduzo que aquela moto, a azul, se estava ali presente, orgulhosa, ao lado das outras, é porque o seu dono, tinha investido tudo o que tinha nela, sozinho, ele e aqueles que constituem a sua equipa.

Não faço ideia de quanto custa uma participação na prova; os custos todos que isso acarreta; o tempo de preparação, tudo aquilo que ficou para trás, até chegar ali!
Mas, talvez, seja capaz de imaginar o que isso significa na vida e no "bolso" daquele /daqueles que acreditam e que vão atrás dum sonho.
E os outros, "os dos patrocínios", não acreditam, não correm atrás dum sonho? Claro que sim!
Só que...

Porque é que neste preciso momento me veio à cabeça uma expressão bem castelhana: "echar toda la carne en el asador!" ?
Frase forte, duma grande radicalidade. Significa que se investe tudo, sem deixar nada de fora! Disposto, a deixar/deixar-se consumir...

Mas, não parei aí nessa frase...

Outra citação, outro contexto (ou talvez não! ) " um homem encontra um tesouro...vende tudo"; "um negociante encontra uma pérola, vende todos os seus bens..."

"Echar toda la carne..."
Será que são falta de respeito todas estas analogias? Penso que não!

Quando um projecto tem a ver com a procura do essencial na nossa vida, quando é o Projecto de uma vida, vale a pena investir tudo.


Acho que não me vou esquecer daquela moto, a azul!



domingo, 7 de janeiro de 2007

GPS de peregrino

Fui ver...
Motos - de pequena e grande cilindrada; carros transformados; camiões.
Era véspera da partida, Lisboa/Dakar...

Viaturas a ser inspeccionadas, outras que já o tinham sido.
Motas, seladas, "em espera",alinhadas, lado a lado, à volta da grande fonte.
Para mim, mesmo tecnicamente analfabeta, era um espectáculo impressionante.

Olhei-as, curiosa e imaginei...
A poeira, as dunas, o trilho, a tensão, o sol escaldante, os tempos a cumprir.
A vontade de ser classificado, o desejo de chegar, os concorrentes, o desgaste físico e do material...
A vida que se joga a cada instante.

Olhei-as com atenção- às motos.
Todas tinham, entre muitos aparelhos, um GPS, claro!
Global Positionning System (será assim que se escreve?)
A sua posição está continuamente assinalada. Deduzo que o rumo também assim fica apontado. Deduzo, só, porque tenho vergonha de perguntar!
Muita ignorância a minha!

Sem querer, vem ao de cima a minha "alma de peregrino"...
GPS espiritual! Dava jeito...
Onde estou no meu "caminhar"?
Que devo fazer para não perder o "trilho"? Como corrigir a rota?

Vou pensar!

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Turistas Caminhantes Peregrinos

Li, há um certo tempo na revista "Vida Nueva" este texto, que gostaria de registar aqui:

"Quando alguém anda pela vida tirando fotografias, acumulando experiências, classificando paisagens, assimilando diferenças, se não o faz por razões profissionais, pode dizer-se que é um turista.
Se, ao passar por uma velha ermida, só vê um montão de pedras ou uma pitoresca paisagem natural, não estará muito longe daqueles "bandos" de japoneses que fotografam, sem entender.

Se tu, ao contrário, ao passar por essas ruínas, páras e as contemplas e se fores, mesmo, capaz de sentir o passar da História por entre o rendilhado dos muros em ruínas, onde , agora, cresce a erva...serás um caminhante. O caminhante sabe o valor dos seus passos
e não necessita de máquina fotográfica para os guardar na sua memória.

Mas o peregrino é aquele que vê para além das aparências e que é capaz de, se vê uma ermida, parar e rezar.
Peregrino é aquele que guarda no seu coração e não só na sua memória cada passo, cada sombra, cada ferida, cada companheiro de jornada, cada oração proferida. Guarda aquela paz que de mansinho se instala, depois da incerteza e da dor...

Do peregrino não se pode dizer que muda a sua vida no regresso a casa, porque, na realidade, essa mudança já começou no caminho... A mudança que o torna peregrino onde quer que ele esteja

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

"andar" no tempo

Se "peregrinamos" no espaço, cruzando caminhos, rectas boas (cuidado quando o caminho é muito fácil, há uma certa tendência para adormecer!), subidas difíceis e encruzilhadas, em que a escolha da direcção a tomar, a certa( !) não é fácil, caminhamos também no tempo.

"Andar" no tempo pode ser uma portunidade de crescimento, da aprendizagem.
Pode e deve criar em nós "caminhos" de compensação e de sabedoria.

Se com o passar do tempo, as forças podem começar a faltar, a velocidade decresce e parece que já não é tão importante "o chegar", cresce em nós vontade de aproveitar alguma lentidão para melhor saborear

"Andar" no tempo deve ser, crescer em sabedoria; é ir "perdendo" algumas certezas, é, com humildade, entender e aceitar limitações; é estar cada vez mais perto do essencial.

"Andar"no tempo, não é só deixar que ele, o tempo, passe por nós, é vivê-lo com a intensidade e usá-lo para crescer.