segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

"A Caminho"

Tal como nós, os "peregrinos das Paróquias de Borba", também outros grupos organizados partem, de vários pontos do país ao encontro da Mãe.
É o que acontece com o grupo " A Caminho" que, cada ano, no mês de Outubro, parte de Lisboa, da Paróquia de S. João de Deus, a caminho de Fátima.

Tendo tido conhecimento deste grupo, tive a alegria de fazer com alguns deles, no passado sábado dia 24 de Fevereiro, uma pequenina caminhada, da Igreja Paroquial de S.João de Deus até à Capela de Nossa Senhora do Monte, situada num dos miradouros mais bonitos da nossa cidade de Lisboa.
Ali com a cidade aos nossos pés, com o grupo, eu rezei; partilhei momentos de convívio; cantei e vivi uma eucaristia.

Com o grupo, fui convidada a "fazer silêncio" à minha volta e dentro de mim, enquanto palmilhávamos as ruas da cidade, sob o sol quentinho da manhã de sábado.
Com o grupo pedi à Mãe do Silêncio, que me ensinasse "a falar menos com os homens e mais com ela e com o seu Filho. Que me ensinasse o silêncio misericordioso que perdoa, o silêncio cheio de respeito e adoração, o silêncio que espera e que escuta.....
O silêncio no meu interior e à minha volta, naquilo que começo e naquilo que acabo"

Foi muito bom, para mim, viver uma experiência de comunhão e entender que não é o "barulho" exterior que me afasta do silêncio, mas o "barulho" que eu faço dentro de mim; aprender que, se eu quiser, posso, com a ajuda de Deus, viver "tempos de deserto"no próprio coração da cidade, da minha cidade, a dos "mouros"...
Não é a cidade que é deshumanizante, sou eu que não sou capaz de a tornar humana, pois passo sem olhar os rostos daqueles com quem me cruzo.

Obrigada ao grupo, por esta lição.

Mais um pedacinho a acrescentar à minha tentativa de ter/ser "alma de peregrino"!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O que é que me falta?

O tempo vai passando.
Umas vezes depressa, muito depressa, outras vezes, "pesado", arrastado...
Mas para além desse tempo "esquisito", existe o "outro", o tal do calendário!
E esse diz-nos que o mês de Fevereiro está a acabar, que se segue o Março e o Abril e que "num pulo"chegamos a Maio!

Maio, os primeiros dias... Maria, a Mãe...Fátima...Peregrinação...

Arejar o saco-cama; "aonde me meteram o colchão? ( de certeza que foram os miúdos que emprestaram a algum amigo, que se esqueceu de voltar a entregar! ); será que tenho de comprar mais meias? "o ano passado esqueci-me de algumas coisas e levei outras a mais.Tenho de fazer uma lista, para ver o que é que me falta!
Tenho de começar a andar mais a pé!

O que é que me faz falta?!

Serão coisas?
Será o exercício, ou a falta dele?
Será que me tenho de preparar, também, por dentro?

Será que, para isso, eu sei o que me faz falta?
Ou para isso a melhor maneira de me preparar é fazer-me "pobre", vazio( vazia ?)e esperar...

Senhor, ajuda-me! Ensina-me! O que é que me faz falta?

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

"Ainda falta muito?"

"Ainda falta muito?" É, como já aqui dissemos, uma pergunta quente, muito quente...

"Pergunta de fim de caminhada", quando as forças começam a faltar, quando a estrada parece "nascer" debaixo dos pés, doridos, pesados e quando um certo desânimo começa, atrevido e irritante, a espreitar...

Como desejávamos que a estrada fosse mais larga, sem as curvas que nos escondem uns dos outros e nos fazem, às vezes, sentir sozinhos? "Será que eu estou muito atrás?"
"Será que eu vou ser capaz?"
"Como era bom que aparecessem mais sinais com indicações e, já agora...
uma placa a dizer: "Fátima"!
Como esta peregrinação é parecida com "a outra", a da vida de todos os dias!

Para uma e outra, precisamos de Ti Senhor, e quanto...

Tu não nos dizes que a "estrada" vai ser "cómoda", só nos dás uma certeza: vais connosco!

sábado, 17 de fevereiro de 2007

"amar e andar"

Quando depois de uma actividade, pensava ter chegado a altura de uma reunião de avaliação, ouvi um comentário que nunca, nunca mais esquecerei!

"Reunião de avaliação? ! Acho que os Evangelhos, não referem nenhuma reunião de avaliação que Nosso Senhor tenha feito com os Apóstolos ... Acho que só o que Ele fazia era, amar e andar"

"Amar e andar"também tem, seguramente, de fazer parte daquela "alma de peregrino"de que sempre aqui falámos!
"Amar e andar"é não ficar à espera de agradecimentos, de reconhecimentos, de louros, de sentir o nosso ego inchado, "gordo" de vaidade e presunção!
"Amar e andar" é caminhar, peregrinar ao ritmo do amor que é sempre gratuito e que não fica parado, mas antes vai ao encontro daqueles que na "peregrinação" - naquela das bolhas e na outra a da nossa vida - vão, aqui e ali, precisando de mim.

Claro que neste"andar" não está, de modo nenhum, a ânsia de "ultrapassar e chegar primeiro" porque aí já não haveria lugar para o "amar"

É mau parar para pensar? Não!
É mau parar para avaliar, com a preocupação e não cometer os mesmos erros e melhorar? Não, claro que não!

O que aqui está em causa e isso sim é errado, é parar só para ter mais uma oportunidade de olhar para mim!

E isso é que é não ter "alma de peregrino"!

domingo, 4 de fevereiro de 2007

"retrato de grupo"

E se parasse agora o "retrato" do verdadeiro peregrino, apesar de faltar ainda bastantes detalhes?
Apetecia-me tanto dizer uma coisa...

Cada peregrino sabe que, apesar da peregrinação começar por ser uma caminhada individual, ela é feita em grupo e é também uma caminhada de grupo.

Criados por amor e para o amor, cada um de nós é chamado a viver cada peregrinação como uma experiência de comunhão.
Cada um de nós vai fazendo o seu caminho, mas, também, de algum modo, "vive" e "experimenta" o caminho daquele e daquela que caminha ao seu lado, de quem "adivinha" a dor; com quem reza, ri, canta e chora; de quem ouve as palavras e respeita os silêncios.

E quando, já em casa, olha a fotografia do grupo, recorda, para além dos rostos cansados e amigos, tudo o que viveram juntos!

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

"Eu vos envio..."

Como eu gosto deste texto em que Jesus manda os Doze em missão!

Também cada peregrino sabe que, se está ali ,na peregrinação é porque foi, de algum modo, chamado e que essa chamada "vale "para o tempo da peregrinação e para a outra peregrinação, a tal da vida de todos os dias.
E que também a eles, peregrinos, é pedido simplicidade, despojamento e o ir em missão.

Esta referência à missão e à atitude de "pobreza" que Jesus aconselha - "não levem nada para o caminho" - aparece, muito muito semelhante, nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.
Só com uma diferença...
No evangelho de Marcos e só nele, pode ler-se: "ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado"

No meu "retrato" de peregrino, de corpo inteiro, era do cajado que eu queria agora falar.

Feito da cana, bem aparadinho pela navalhinha do verdadeiro alentejano, ou mais sofisticado; enfeitado com fitinhas, ou com um ramalhete de flores, colhidas pelo caminho; velhinho e "veterano"ou ainda sem falhas de verniz, o cajado está bem visível no "retrato"do verdadeiro peregrino.
É que ele é importante em muitas ocasiões!
Está presente na mão do seu dono no início do dia; está presente, quando as força faltam; está presente atravessado aos ombros, servindo de apoio aos braços e mãos quando estas "teimam"
em inchar; está presente quando serve para "rebocar" outro peregrino a quem é bom dar uma mãozinha ( como é bonito de se ver! )

Enfeitado com um lenço garrido ou tendo bem enrolado a si as contas dum terço; só, ou com os outros, "encaixado em pirâmide" habilmente construída por quem sabe, em lugar de destaque em cada celebração, ele está lá, sempre, o cajado!

Ele é objecto, mas, para mim é também sinal...
Como eu gosto do texto de Marcos!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

"retrato de peregrino" (cont.)

E o "retrato de peregrino"de corpo inteiro vai continuando.
E subindo...

Depois de "bem calçado" o verdadeiro peregrino deve vestir roupa que seja, acima de tudo, bem confortável. As peregrinas optam geralmente, por calças confortáveis, embora haja uma ou outra adepta de saia!
É engraçado... se o "retrato" for tirado, de manhã, ele/a, qual "cebola"cheia de camadas, irá bem agasalhado/a, mas à medida que o dia vai avançando e a caminhada vai aquecendo, o corpo e a alma, os casacos e outros abafos vão "saltando" para o carro de apoio, para só regressarem ao corpo, lá para o fim da tarde, quando, num arrepio, a estrada parece "nascer" à sua frente, como uma serpente sem fim, e só apetece perguntar:"Ainda falta muito?" Pergunta muito difícil e"quente", que não tem resposta "convincente"!

Mas, tal como alguém que sabe já comentou (...) mais do que o aspecto exterior, o verdadeiro peregrino sabe que "o essencial é invisível aos olhos", que a peregrinação não é uma passagem de modelos, pois se há aí algum modelo a seguir, é um modelo, não de moda, mas do modo, do modo como peregrinamos.
O modelo a seguir é Aquele que é, Ele próprio, O Caminho.
É isso que o verdadeiro peregrino vai descobrindo!

Para o "retrato" ficar completo ainda faltam muitos pormenores...
"pé na estrada" vai voltar!